Mais a leste de Gronk’har está localizada uma cidade também ligada à ciência. Mas nesta, a ciência desvendada e desenvolvida em Gronk’har encontra uma aplicação mais prática do que teórica. Os campos queimados e alvos de todos os tipos de projéteis à sua volta estão lá para não deixar que ninguém duvide disso.

Como muitos outros pontos que a Aliança Negra dos Goblinóides agora ocupa, Krargathar já pertenceu aos humanos de Lamnor. Antes chamada de Greivallen, esta cidade não passava de um centro comercial entre diversas outras áreas habitadas que existiam à sua volta. Sua conquista foi rápida e eficiente pelas tropas hobgóblins. Depois de conquistada, seu papel não mudou muito. Continuava apenas como ponto de distribuição de suprimentos para outras cidades próximas.

 O objetivo, e o nome, da cidade mudou com a chegada do engenheiro de armas de guerra que atendia pelo nome de Krargath. Um experiente e astuto, além de brutal, construtor de armas Hobgóblin que procurava um local rico em matéria prima para desenvolver suas armas de guerra para o exército ao qual era afiliado.

Krargathar, na época ainda chamada de Greivallen, era administrada por um patético líder Hobgóblin de nome Zargan, que havia se acostumado demais às facilidades da vida de administrador. Krargath, ao chegar na cidade, imediatamente dobrou Zargan e mostrou-o quem mandaria dali em diante. Não havia muito que o gordo e preguiçoso prefeito pudesse fazer quanto a isso.


Monstro de Ferro

Marco central do reinado Valkaria é hoje a maior cidade do mundo. Em época de colheitas ou em feriados a cidade chega a dois milhões de habitantes, quase metade de toda a população do reino. É uma cidade praticamente interminável, quilômetros sem fim de casas, palácios e estabelecimentos comerciais por deveras vezes afastadas uma das outras por verdadeiros emaranhados de ruas, que acabam por levar os desavisados a paragens não muito agradáveis, onde a segurança não é das maiores.

As vias principais de Valkaria estão mergulhadas no caos… Milhares de pessoas, cavalos e carroças se espremem por ruas mal projetadas, abertas por colonos na época da fundação da cidade e que jamais poderiam suportar tamanho tráfego. E para piorar a situação o “escapamento” de tantos animais já coloca em risco a saúde publica da capital, tendo em vista a quantidade de detritos derramados diariamente por cavalos, trobos e toda a sorte de montaria.

Desesperado com tamanho problema, Thormy, pensando no bem estar da população, e principalmente por não agüentar mais as reclamações da rainha quanto ao mau cheiro, implorou a Niebling que encontrasse uma solução para o caso. O pequeno gnomo pediu alguns dias para realizar o projeto e a solução encontrada foi tão exótica quanto seu criador. Um monstro de ferro!

Inicialmente Niebling pensou em um grande monstro metálico em forma de vagões que iriam percorrer a cidade sobre trilhos, movido por motores a vapor, passando por pequenas estações no interior e culminando na praça central de Valkaria. O problema era que para construir os trilhos metade das casas de Valkaria teriam que ser demolidas no processo, algo que não agradou muito o rei. Um dos criados ao ouvir a conversa sugeriu ironicamente que o tal monstro passasse por túneis abaixo do nível do solo. As risadas no salão real foram interrompidas pelo olhar ansioso do pequeno gnomo, e pelo sorriso que lentamente sumiu da face do rei. Ele conhecia aquele olhar, e ele não custava barato.

A grandiosidade da obra que se seguiu não tem comparações na historia de Arton. Milhares de quilômetros de buracos com dez metros de largura por seis de profundidade foram escavados, com o auxilio de cinco mil pessoas. Para facilitar os trabalhos e reduzir os danos na superfície, as trincheiras eram abertas seguindo a trajetória das ruas do centro da cidade. Logo o processo manual de escavação foi substituído por uma outra invenção de Niebling chamada de “tatuzão”, máquinas que reduziam o tempo de escavação e diminuíam a quantidade de desabamentos das paredes dos túneis.

Quando estavam firmes as paredes eram revestidas com tijolos para segurar a terra. O teto dos túneis eram reforçados com vigas de ferro e depois novamente cobertas com tijolos, o que os tornavam extremamente belos e resistentes. Nas estações eram instaladas grandes abóbadas de vidro com aberturas na parte inferior e em várias partes do túnel eram abertas vias para permitir que a fumaça dos motores escapasse.

Com um ritmo acelerado a obra foi terminada em três anos, mostrando-se um absoluto sucesso.

No primeiro dia mais de quarenta mil pessoas viajaram no grande monstro.

Cinco estações foram montadas nos principais pontos de Valkaria, sendo que a estação central, especialmente bela, fica situada defronte a praça aos pés da deusa, e outras trinta e cinco subestações foram espalhadas pelos bairros. O sistema é utilizado por cerca de vinte e seis mil pessoas por dia, e para amortizar um pouco o rombo nos cofres do império, o preço da passagem é de um tibar. O monstro de ferro é fantástico. Recomendo a todos que o conheçam um dia… Tenho arrepios só de lembrar do som que faz ao parar nas estações e da explosão de fumaça e vapor que emana de seus motores cada vez que ele arranca em direção aos túneis.