O Reinado
é o maior centro populacional de Arton. Possui as maiores nações, incluindo
Deheon, o reino-capital, e todos os reinos vizinhos. Milhões de seres vivos
habitam o Reinado, de todos os tipos de raças e classes. Apesar de toda essa
grandeza, prosperidade, o Reinado se formou como herança de um dos capítulos
mais tristes da história de Arton.
Há muito tempo atrás, apenas a parte sul do continente – Lamnor – era habitada. Ali a civilização havia se formado e grandes reinos dominavam a região. Remnor, a parte norte, era uma área desconhecida e temida. Poucas pessoas conseguiam ultrapassar o Istmo de Hangpharsyth e adentrar mais que poucos quilômetros dentro do novo território. Aqueles que conseguiram este grande feito se depararam com um lugar selvagem, cheio de criaturas perigosas e tribos bárbaras. Uma das expedições melhor sucedidas na empreitada foi aquela organizada por Khalil de Gordimarr. Era composta de 150 homens; apenas quarenta retornaram com vida. Após entregar seu relato a Protas III, regente de Gordinarr, este passou a temer ataques das criaturas do continente norte. Khalil recebeu então a ordem de supervisionar a construção de uma cidade-fortaleza no Istmo de Hangpharstyth. O forte foi contruído e noemado Khalifor – em homenagem a Khalil, seu primeiro governante. O possível sempre temido ataque do norte jamais ocorreu. Novas expedições não voltaram a ser realizadas, pelo temor de que mais vidas pudessem ser perdidas a troco de nada. Com a expansão para o norte detida pelo medo do desconhecido e a exploração marítima dificultada pelo litoral abaixo ou escarpado da costa artoniana, reinos maiores começaram a voltar seus olhos para a expansão territorial dentro de Lamnor. Depois de vários conflitos entre os reinos, surgiram as primeiras expansões para o norte, que foi povoado e nomeado: O Reinado.
Mas...
Existia em Arton uma bela nação, de cultura elevada e costumes exóticos, situada em uma ilha. Essa era Tamu-ra, o Império de Jade, protegido pelo deus Lin-Wu e governado pelo imperador Tekametsu.
Mas Tamu-ra foi atacada, há cerca de dez anos, por uma força desconhecida. Sem aviso, pesadas nuvens vermelhas começaram a se formar nos céus. Relâmpagos destruíam construções, chuva ácida e vermelha corroía tudo o que tocava. E, por fim, vieram os demônios insetóides, que dizimaram a maior parte da população. Poucos sobreviveram - Tekametsu conseguiu teleportar parte da população da capital para a segurança. Muitos dos sobreviventes tinham enlouquecido. O que quer que tivessem visto havia lhes destruído a mente. Eles falavam apenas da... Tormenta.
Tamu-ra foi devastada, e as nuvens nunca deixaram a ilha. O antigo Império de Jade tornou-se uma área de Tormenta. Por algum tempo pensou-se que aquilo fora um fato isolado, que nunca mais aconteceria. Relatos sobre a Tormenta vieram do Deserto da Perdição e das Montanhas Sanguinárias, mas foram desconsiderados como histórias de horror.
No entanto, a Tormenta voltou a atacar - dessa vez, dentro do Reinado. O reino de Trebuck foi atingido pela tempestade rubra. Sua regente, Shivara Sharpblade, tomou providências: reformou o Forte Amarid, um castelo às beiras da área de Tormenta, guarnecendo-o de soldados, aventureiros, magos e estudiosos. Passaram-se os meses, e Forte Amarid tornou-se complacente - até que a Tormenta atacou de novo. O Forte foi tomado. Shivara convocou o maior exército já visto no Reinado, ajudada por todas as nações. O poderio combinado de todos os reinos atacou a Tormenta - e perdeu. A maior parte dos soldados foi morta, e a própria Shivara escapou por pouco da morte e da corrupção: ouviu promessas obscenas em sua mente, acompanhadas do nome de Gatzvalith, o Lorde da Tormenta.
Recentemente, a Tormenta atacou de novo. A fronteira entre o reino de Zakharov e as Montanhas Uivantes foi tomada pela tempestade. A Tormenta está às portas de Deheon, o centro da civilização, e ninguém ainda sabe o que fazer.
A Tormenta é um fenômeno ainda sem explicação. Quando uma área é atacada, os primeiros sinais são nuvens escarlates que se formam a baixa altitude, e o perturbador tom avermelhado que o próprio céu adquire.
Relâmpagos encarnados começam a despencar das nuvens, destruindo construções e matando indiscriminadamente. Em seguida, vem a terrível chuva ácida. Gotas sanguinolentas caem em profusão, queimando ao toque. Quase ninguém sobrevive ao dilúvio corrosivo, que também compromete a maioria das construções. O próprio solo é devorado por essa polpa horrenda, formando lagos e pântanos cáusticos. A essa altura, até mesmo o ar e a luz parecem impregnados de granulação vermelha. É como ver o mundo pelos olhos de uma fera insana.
E então, os demônios.
Os demônios da Tormenta - um nome vulgar adotado pelos habitantes de Arton, embora esses seres não sejam realmente demônios - são trazidos pelas nuvens, em enxames. Também emergem das poças, do solo, ou simplesmente abandonam construções enfraquecidas, como se estivessem ali o tempo todo.
Os demônios da Tormenta matam tudo em seu caminho. Não se comunicam de forma alguma com suas vítimas, não fazem quaisquer exigências, não demonstram quaisquer sentimentos. Seus rostos insetóides, com enormes olhos e mandíbulas afiadas, são indecifráveis. Suas garras cortam armaduras como se fossem papel, suas carapaças quebram as armas mais robustas. São fortes, rápidos, e quase nenhuma magia pode afetá-los.
Há diferentes tipos dessas criaturas, castas e graus de hierarquia, mas até agora não há pistas sobre suas formas de comunicação ou organização.
Sabe-se que existem os Lordes da Tormenta, seres muito poderosos que comandam uma determinada área de Tormenta, e todas as suas criaturas. Existem muitos horrores em Arton - monstros, mortos-vivos... -, mas nenhum se equipara à Tormenta. Alguma coisa nos demônios e em seu ambiente é tão diferente que, quando conseguimos ter um vislumbre real de sua natureza, enlouquecemos. Assim como nossa carne queima ao toque do fogo ou ácido, nossa mente também pode ser ferida pelo contato com certas coisas nocivas. Mesmo antes de cometer qualquer violência, mesmo antes que suas capacidades sejam sequer conhecidas, os demônios podem nos enlouquecer apenas existindo. Monstros-inseto comuns não poderiam fazer isso - já existiam inúmeros
deles em Arton antes da chegada da Tormenta.
Estudiosos dizem que não podemos ver os demônios como realmente são. Sua
forma verdadeira é tão alienígena, tão surreal, que nossas mentes racionais não
conseguem aceitar. Mesmo um viajante planar experiente, habituado às criaturas
mais estranhas no multiverso, jamais viu algo remotamente parecido com eles. Sobreviventes insanos das áreas de Tormenta falam de "formas inimagináveis", "ângulos impossíveis" e a "verdadeira aparência" das criaturas. As formas insetóides que conhecemos, por mais horrendas que sejam, são apenas fachada. Uma máscara criada por nossa própria mente como proteção.
Restam, pois, poucas pessoas que tenham entrado em uma área de Tormenta e ainda sejam capazes de relatar o que viram com lucidez. Descrições de áreas de Tormenta já formadas são vagas, mas todas falam de uma corrupção absoluta.
A terra torna-se ácida e árida. Toda a vida vegetal desaparece, com a exceção de algumas árvores negras e retorcidas. A água transforma-se em algo ácido, venenoso ou ambos. O ar é pesado, doloroso nas narinas, e tomado por imprevisíveis nuvens tóxicas. Rachaduras no solo seco revelam fontes de vermelhidão borbulhante, ou expelem uma lenta fumaça escarlate. O céu é encarnado, sombreado por nuvens da mesma cor. Pancadas ocasionais de chuva ácida caem sem aviso, derretendo mais ainda qualquer matéria natural que tenha restado.
Aos poucos, a maior parte das estruturas e objetos existentes na área adquire uma crosta dura, parecida com coral. Alguns materiais mudam para algo poroso ou esponjoso, como se estivesse apodrecido de uma forma estranha.
Talvez o mais impressionante e medonho sobre a corrupção da Tormenta seja a transformação pela qual passam muitas estruturas. Não apenas devido à crosta vermelha, elas se tornam diferentes e horrendas. Portas e janelas lembram bocarras com presas afiadas. Torres se assemelham a espirais pontiagudas com espinhos. Paredes são como carapaças. Pequenas casas ou oficinas mudam para horrores de ossos e ferro enegrecido. Ruas pavimentadas com crânios. Lamparinas de olhos enormes. Postes feitos de braços que brotam do chão. A criatividade doentia da Tormenta para esses cenários parece ser infindável.
Os otimistas dizem que a Tormenta é uma invasão perpetrada por habitantes de outra dimensão. Os pessimistas acham que essa outra dimensão é o inferno. Mas mesmo os pessimistas estão sendo otimistas demais.
Há muito tempo atrás, apenas a parte sul do continente – Lamnor – era habitada. Ali a civilização havia se formado e grandes reinos dominavam a região. Remnor, a parte norte, era uma área desconhecida e temida. Poucas pessoas conseguiam ultrapassar o Istmo de Hangpharsyth e adentrar mais que poucos quilômetros dentro do novo território. Aqueles que conseguiram este grande feito se depararam com um lugar selvagem, cheio de criaturas perigosas e tribos bárbaras. Uma das expedições melhor sucedidas na empreitada foi aquela organizada por Khalil de Gordimarr. Era composta de 150 homens; apenas quarenta retornaram com vida. Após entregar seu relato a Protas III, regente de Gordinarr, este passou a temer ataques das criaturas do continente norte. Khalil recebeu então a ordem de supervisionar a construção de uma cidade-fortaleza no Istmo de Hangpharstyth. O forte foi contruído e noemado Khalifor – em homenagem a Khalil, seu primeiro governante. O possível sempre temido ataque do norte jamais ocorreu. Novas expedições não voltaram a ser realizadas, pelo temor de que mais vidas pudessem ser perdidas a troco de nada. Com a expansão para o norte detida pelo medo do desconhecido e a exploração marítima dificultada pelo litoral abaixo ou escarpado da costa artoniana, reinos maiores começaram a voltar seus olhos para a expansão territorial dentro de Lamnor. Depois de vários conflitos entre os reinos, surgiram as primeiras expansões para o norte, que foi povoado e nomeado: O Reinado.
Mas...
Existia em Arton uma bela nação, de cultura elevada e costumes exóticos, situada em uma ilha. Essa era Tamu-ra, o Império de Jade, protegido pelo deus Lin-Wu e governado pelo imperador Tekametsu.
Mas Tamu-ra foi atacada, há cerca de dez anos, por uma força desconhecida. Sem aviso, pesadas nuvens vermelhas começaram a se formar nos céus. Relâmpagos destruíam construções, chuva ácida e vermelha corroía tudo o que tocava. E, por fim, vieram os demônios insetóides, que dizimaram a maior parte da população. Poucos sobreviveram - Tekametsu conseguiu teleportar parte da população da capital para a segurança. Muitos dos sobreviventes tinham enlouquecido. O que quer que tivessem visto havia lhes destruído a mente. Eles falavam apenas da... Tormenta.
Tamu-ra foi devastada, e as nuvens nunca deixaram a ilha. O antigo Império de Jade tornou-se uma área de Tormenta. Por algum tempo pensou-se que aquilo fora um fato isolado, que nunca mais aconteceria. Relatos sobre a Tormenta vieram do Deserto da Perdição e das Montanhas Sanguinárias, mas foram desconsiderados como histórias de horror.
No entanto, a Tormenta voltou a atacar - dessa vez, dentro do Reinado. O reino de Trebuck foi atingido pela tempestade rubra. Sua regente, Shivara Sharpblade, tomou providências: reformou o Forte Amarid, um castelo às beiras da área de Tormenta, guarnecendo-o de soldados, aventureiros, magos e estudiosos. Passaram-se os meses, e Forte Amarid tornou-se complacente - até que a Tormenta atacou de novo. O Forte foi tomado. Shivara convocou o maior exército já visto no Reinado, ajudada por todas as nações. O poderio combinado de todos os reinos atacou a Tormenta - e perdeu. A maior parte dos soldados foi morta, e a própria Shivara escapou por pouco da morte e da corrupção: ouviu promessas obscenas em sua mente, acompanhadas do nome de Gatzvalith, o Lorde da Tormenta.
Recentemente, a Tormenta atacou de novo. A fronteira entre o reino de Zakharov e as Montanhas Uivantes foi tomada pela tempestade. A Tormenta está às portas de Deheon, o centro da civilização, e ninguém ainda sabe o que fazer.
A Tormenta é um fenômeno ainda sem explicação. Quando uma área é atacada, os primeiros sinais são nuvens escarlates que se formam a baixa altitude, e o perturbador tom avermelhado que o próprio céu adquire.
Relâmpagos encarnados começam a despencar das nuvens, destruindo construções e matando indiscriminadamente. Em seguida, vem a terrível chuva ácida. Gotas sanguinolentas caem em profusão, queimando ao toque. Quase ninguém sobrevive ao dilúvio corrosivo, que também compromete a maioria das construções. O próprio solo é devorado por essa polpa horrenda, formando lagos e pântanos cáusticos. A essa altura, até mesmo o ar e a luz parecem impregnados de granulação vermelha. É como ver o mundo pelos olhos de uma fera insana.
E então, os demônios.
Os demônios da Tormenta - um nome vulgar adotado pelos habitantes de Arton, embora esses seres não sejam realmente demônios - são trazidos pelas nuvens, em enxames. Também emergem das poças, do solo, ou simplesmente abandonam construções enfraquecidas, como se estivessem ali o tempo todo.
Os demônios da Tormenta matam tudo em seu caminho. Não se comunicam de forma alguma com suas vítimas, não fazem quaisquer exigências, não demonstram quaisquer sentimentos. Seus rostos insetóides, com enormes olhos e mandíbulas afiadas, são indecifráveis. Suas garras cortam armaduras como se fossem papel, suas carapaças quebram as armas mais robustas. São fortes, rápidos, e quase nenhuma magia pode afetá-los.
Há diferentes tipos dessas criaturas, castas e graus de hierarquia, mas até agora não há pistas sobre suas formas de comunicação ou organização.
Sabe-se que existem os Lordes da Tormenta, seres muito poderosos que comandam uma determinada área de Tormenta, e todas as suas criaturas. Existem muitos horrores em Arton - monstros, mortos-vivos... -, mas nenhum se equipara à Tormenta. Alguma coisa nos demônios e em seu ambiente é tão diferente que, quando conseguimos ter um vislumbre real de sua natureza, enlouquecemos. Assim como nossa carne queima ao toque do fogo ou ácido, nossa mente também pode ser ferida pelo contato com certas coisas nocivas. Mesmo antes de cometer qualquer violência, mesmo antes que suas capacidades sejam sequer conhecidas, os demônios podem nos enlouquecer apenas existindo. Monstros-inseto comuns não poderiam fazer isso - já existiam inúmeros
deles em Arton antes da chegada da Tormenta.
Estudiosos dizem que não podemos ver os demônios como realmente são. Sua
forma verdadeira é tão alienígena, tão surreal, que nossas mentes racionais não
conseguem aceitar. Mesmo um viajante planar experiente, habituado às criaturas
mais estranhas no multiverso, jamais viu algo remotamente parecido com eles. Sobreviventes insanos das áreas de Tormenta falam de "formas inimagináveis", "ângulos impossíveis" e a "verdadeira aparência" das criaturas. As formas insetóides que conhecemos, por mais horrendas que sejam, são apenas fachada. Uma máscara criada por nossa própria mente como proteção.
Restam, pois, poucas pessoas que tenham entrado em uma área de Tormenta e ainda sejam capazes de relatar o que viram com lucidez. Descrições de áreas de Tormenta já formadas são vagas, mas todas falam de uma corrupção absoluta.
A terra torna-se ácida e árida. Toda a vida vegetal desaparece, com a exceção de algumas árvores negras e retorcidas. A água transforma-se em algo ácido, venenoso ou ambos. O ar é pesado, doloroso nas narinas, e tomado por imprevisíveis nuvens tóxicas. Rachaduras no solo seco revelam fontes de vermelhidão borbulhante, ou expelem uma lenta fumaça escarlate. O céu é encarnado, sombreado por nuvens da mesma cor. Pancadas ocasionais de chuva ácida caem sem aviso, derretendo mais ainda qualquer matéria natural que tenha restado.
Aos poucos, a maior parte das estruturas e objetos existentes na área adquire uma crosta dura, parecida com coral. Alguns materiais mudam para algo poroso ou esponjoso, como se estivesse apodrecido de uma forma estranha.
Talvez o mais impressionante e medonho sobre a corrupção da Tormenta seja a transformação pela qual passam muitas estruturas. Não apenas devido à crosta vermelha, elas se tornam diferentes e horrendas. Portas e janelas lembram bocarras com presas afiadas. Torres se assemelham a espirais pontiagudas com espinhos. Paredes são como carapaças. Pequenas casas ou oficinas mudam para horrores de ossos e ferro enegrecido. Ruas pavimentadas com crânios. Lamparinas de olhos enormes. Postes feitos de braços que brotam do chão. A criatividade doentia da Tormenta para esses cenários parece ser infindável.
Os otimistas dizem que a Tormenta é uma invasão perpetrada por habitantes de outra dimensão. Os pessimistas acham que essa outra dimensão é o inferno. Mas mesmo os pessimistas estão sendo otimistas demais.